20051229

ARTIGO Antárctida

INTRODUÇÃO


Antárctida, normalmente olhada como o último desafio, objecto de inspiração, um sítio a preservar a todo o custo do mal que a humanidade infligiu a outras partes do mundo.
Antárctida é única por si só, sendo o  maior, mais frio, ventoso e ‘seco’ de todos os continentes - tem 5.4 milhões de milhas quadradas, sendo maior que a Europa.

Possui a temperatura mais baixa registada na Terra - 88,3º C (-126,9º F), em que mesmo no Verão não chega aos 32º Fahrenheit, e no Inverno é abaixo dos 76º; A temperatura mais baixa  lá registada foi na estação russa Vostok em Julho de 1983:  - 128.6º.

Uniformemente frio, tem a particularidade de registar variações de precipitação ao longo do seu território. O interior é um verdadeiro deserto, comparável ao Sahara, com uma precipitação mínima anual. Ventos fortes levam a neve das regiões costeiras e depositam-no no interior.

As estações de pesquisa são cerca de quarenta e três. Ao todo cerca de quatro mil pessoas vivem na Antárctida no Verão, e mil no Inverno.

A Antárctida é constituída por 98% de gelo e 2% de rocha barrenta.
Constitui 90% de todo o gelo da terra e 70% de toda a água potável do planeta, o que significa que se a camada de gelo derreter, o mar subirá mais de 230 pés.
 
Para onde caminha, que mudanças sofrerá, o futuro dirá.
                                                           


















História

A sua exploração só foi iniciada no séc. XIX, falta ainda conhecer muita coisa sobre este continente coberto de gelo.
Este continente foi descoberto em 1820 por um americano, Nataniel Palmer e por um almirante de Alexandre I, Bellingshansen.
Em 1832, o inglês John Briscoe desembarcou numa ilha próxima da Terra de Graham.
Em 1841, uma expedição inglesa comandada por James Clark Ross, descobriu o Polo Magnético Boreal  e a costa mais acessível do continente (o mar de Ross), no lado oposto à península de Palmer e ao mar de Wendell. James Ross chamou Terra da Vitória à cadeia montanhosa que estava em frente, descobrindo ainda o vulcão Erebus e atingindo a latitude de 78º em 1842.
As expedições que foram feitas a  partir desta data que revelaram o continente Antárctico, que mais se destacaram foram: as de Nares (1874); de Gerlache (1898-1899); Scott (1901-1904); Nordenskjold (1901-1903); Chacot (1908-1909); e de E. H. Shackleton, que falha a tentativa de penetrar no interior do continente, mas atinge o cume de Erebus.
Em 14 Novembro de 1911, Roald Amundsen atinge o Polo Sul, precedendo Scott em 34 dias.
O pólo Sul é sobrevoado pela primeira vez em 1929  por Byrd, que dirige outras expedições, sendo a mais importante a de 1946-1948. Esta operação, denominada High Jump, mobilizou 33 navios e efectuou um importante levantamento cartográfico graças à utilização da fotografia aérea.
Realiza-se a expedição britânica de John Rymel em 1934-1937, a norueguesa com Lars Cristensen em 1936-1937 e a viagem do inglês ‘Discovery II’ em 1937-1939.
Este interesse na exploração científica está estreitamente ligado às tentativas de ocupação do continente por diversos países.

As observações actuais a seu respeito são positivas, mas nem sempre foi assim. A Antárctida foi vista como ‘ inarrável; horrível…’ por Cook, ‘ o pior sítio do mundo’ Baum, ‘ a casa dos blizzards’ Mawson, ou ‘Meu Deus, é um sítio horrível…’ por Scott.














Tratado da Antárctica

A Antárctica foi alvo de diversas expedições com o objectivo de a reivindicarem, com base na prioridade da descoberta ou segundo o critério de proximidade geográfica,.
Marcadas no mapa, as reivindicações sobre o território antárctico aparecem como sectores e os seus vértices centram-se no pólo Sul. (Figura 1)








Em 1934 a Antárctida foi dividida, numa conferência internacional, entre os vários requerentes -  a Austrália (território antárctico australiano), a França (Terra Adélia -Adélie Land), a Noruega (Terra da  Rainha Maud-Queen Maud Land), a Nova Zelândia (Dependência de Ross-Ross Dependency), e a Grã-Bretanha (território antárctico britânico).
No entanto, a Argentina também reivindicava uma parte deste continente, nomeadamente a quase totalidade do território antárctico britânico, e o Chile pretendia a Terra de Graham, entrando assim em conflito com os outros países.
Os Estados Unidos e a URSS não reconheciam esta partilha, mantendo o primeiro as suas actividades na Terra de Mary Byrd, assim como as pesquisas da URSS em vários sítios.
Não foram feitas reclamações formais do sector entre 90º Este e 150º Este (conhecido como o sector de ninguém).
A cooperação neste ambiente de disputas não era possível. (Figura 2)





O Tratado da Antárctica foi proposto pelo Ano Geofísico Internacional (International Geophisycal Year - IGY) de 1 Julho 1957 a 31 Dezembro 1958.
Proporcionou aos países interessados a ocasião de procederem em conjunto a um vasto estudo científico das condições climatológicas, meteorológicas e magnéticas do continente.
Uma comissão especial para a investigação Antárctida, criada em Fevereiro de 1958, coordenou a continuidade dos trabalhos das doze nações.
Centenas de técnicos de diversos países (Austrália, Nova Zelândia, Bélgica, Noruega, Argentina, Chile, Japão, Grã-Bretanha, França, URSS, EUA e África do Sul) participaram directamente em estudos do continente, onde até então só estavam instalados alguns cientistas e pescadores.

No dia 1 de Novembro de 1959, foi assinado  em Washington o Tratado da Antárctica, que estabelecia uma cooperação científica pacífica entre os doze países que tomaram parte nas investigações sobre o continente, congelando deste modo as reclamações políticas, e acabaram assim as discussões sobre os pontos de discórdia.
O acordo sobre a Antárctida estabelece, entre outras coisas a suspensão dos litígios existentes acerca da partilha do continente, a livre utilização do território para trabalhos científicos e um sistema de inspecção mútua destinado a impedir qualquer actividade militar, incluindo explosões nucleares a sul do paralelo 78º.
O Tratado da Antárctida foi ratificado em 1960 por 8 dos países que o assinaram e em, 1961, pelos restantes quatro (Argentina, Austrália, Chile e França).
Entrou em vigor em Junho de 1961, inicialmente por um período de 30 anos, tendo sido posteriormente assinado por mais 27 países.
As instalações na Antárctida devem ser usadas só para fins pacíficos, visto que o tratado não concebe fins militares, a exploração de minerais ou da vida selvagem por nenhuma nação da Terra.


Outros Acordos:

Mais 170 recomendações foram adoptadas. Entre essas recomendações há a relevar o Acordo pelas Medidas de Conservação da Flora e Fauna da Antárctida (1964); Convenção para a protecção das focas (1972); e a Convenção da Conservação dos Organismos Marinhos (1980) que alargou o foro do Tratado da Antárctica.
Em 1980 foi sugerida a Convenção de Regulação das Actividades de Pesquisa Minerais na Antárctica. A Austrália e a França objectaram pois não a consideraram compatível com a protecção do ambiente, o que levou à adopção do Protocolo de Protecção Ambiental do Tratado da Antárctida (conhecido como o Protocolo de Madrid). Foi assinado um acordo em 1991 que proíbe durante os próximos 50 anos a mineração na Antárctica. Este acordo fixa anexos específicos de protecção, poluição marinha, fauna, flora, e impactos ambientais, tratamento de lixo e áreas protegidas.
A pesquisa mineral é proibida, excepto para fins científicos.
Os 14 países já ratificaram o protocolo em 1995 .
(Figura 3)
.


O sistema legal que vigora na Antárctida é o dos EUA, e envolve ofensas criminais, captura de mamíferos nativos para outras áreas, introdução de plantas que não são da Antárctida ou animais, entrada  em áreas de protecção específicas, descarga de poluentes ou resíduos sólidos. Isto inclui o transporte e devolução dos resíduos sólidos das estações para o país administrador.
Não são aceites cães, estes foram banidos da Antárctida para proteger as focas de doenças, ou mesmo por as incomodar.


Este tratado é significativo no tocante à cooperação internacional, pois constitui um precedente louvável, para a humanidade.










Actualidade


Antárctida

O maior dos continentes da Terra, assimetricamente centrada no polo Sul geográfico, localizado na latitude 66º3’ Sul (quase totalmente no interior do  círculo polar antárctico).
De tosca forma circular tem um traço para fora - A península antárctica - e apenas é interrompida por duas grandes reentrâncias: o mar de Ross e o de Weddell.
Conhecida pelo sexto continente, a Antárctida, com 20 milhões de anos, assenta sobre uma espécie de alicerce de pedra que na parte oriental, se encontra acima do nível do mar e , na ocidental, se encontra abaixo.
Continente despovoado e gelado do Pólo Sul com uma área de 13.209.000 km2, no Verão. Nos meses de Inverno Austral, em que a espessa camada de gelo invade o mar, duplica de tamanho, o gelo forma uma periferia, a superfície sólida do continente chega a atingir 35 milhões de km2.
Actualmente receia-se a fusão desta segunda parte. Se a camada de gelo derreter, o mar subirá mais de 230 pés, devido ao efeito de estufa, de que irei falar mais tarde.
(Figura 4 e  5)







A importância da Antárctida estende-se não só relativamente à sua linha de costa ou ao continente em si mas também à chamada Convergência da Antárctica. É uma zona definida na extremidade sudeste do Atlântico, Índico, e Oceano Pacífico entre a latitude 48º Sul e latitude 60º Sul. Neste ponto as águas quentes  do norte da Antárctica, misturam-se com as águas quentes vindas do sul. A Convergência da Antárctica marca uma diferença definitiva e física dos oceanos. Deste modo, a água que circunda o continente da antárctica é considerado um oceano em si, muitas vezes conhecido como o Antárctico, ou oceano glaciar Antárctico. A imensidão deste oceano é apenas quebrado por um punhado de ilhas espalhadas, valiosa como observatórios para os cientistas visitantes.
(Figura 6; 7 e 8)






Este continente está coberto por uma enorme massa de gelo cujo volume está calculado em cerca de 20 milhões de km3, cuja espessura chega a ultrapassar os 2000m. Os cumes mais altos terminam em saliências rochosas que atingem de 2000 a 3000 m de altitude, por cima há uma camada de gelo que cobre o continente, chamada inlandis.
No centro da Antárctida estende-se um planalto em redor do pólo com uma altura média de mais de 2000m.
Ao longo da costa do mar de Weddell, as montanhas elevam-se a cerca de 4000m . O mar de Ross é dominado por cumes muito altos, que atingem mais de 5000m no interior do continente.

Duas massas de terra compõem a Antárctida:
Uma a leste do eixo imaginário entre os mares de Ross e Wendell (Antárctida Oriental) e a outra (Antárctida Ocidental) a oeste desse eixo. Entre os dois mares existe uma depressão continental na qual o fundo do islandis está abaixo do nível do mar. (Figura 9)



A parte oriental é um bloco continental muito instável. Sobre uma base de gneisse encontram-se depositadas formações continentais de arenito com vários milhares de metros de espessura que encerram fósseis de muitos períodos geológicos.
Na orla oriental há fracturas profundas, falhas e deformações originadas por movimentos verticais. A parte mais contínua da Antárctida Ocidental é a longa ponta de terra que avança para a América do Sul. É a Terra de Graham, uma península montanhosa plissada e com falhas onde é possível distinguir três alinhamentos montanhosos.
O clima é extremamente agreste.
O gelo da Antárctida origina pressões relativamente elevadas, mas o continente não constitui uma zona de estabilidade: produzem-se frequentemente ventos muito violentos (blizzards) de 320 Km/h que provocam tempestades de neve. O Inverno dura quase dez meses, durante os quais o sol não aparece e se chegam a registar 90 graus centígrados abaixo de zero. Os ventos divergem de continente e atingem a zona de baixas pressões subantárcticas a cerca de 60º de latitude, onde se formam depressões ciclónicas muito instáveis que dão origem a tempestades quase contínuas, tornando sempre difícil o acesso ao continente.
Estas condições físicas muito duras são a causa da extrema pobreza biológica do continente propriamente dito. Durante muito tempo, a Antárctida foi considerada um deserto, uma região estéril privada de vida, onde aparecem somente alguns líquenes, e alguns depósitos de águas mais ou menos livres, devido a fenómenos vulcânicos, que constituem sectores biológicos bastante ricos, especialmente quando comparada com o Árctico, onde os animais e as plantas são relativamente abundantes.
A Antárctida não possui animais terrestres de grandes dimensões e quanto a plantas, apenas musgos, líquenes e fungos, mas o continente é rodeado por um mar rico em nutrição química. Assim, do ponto de vista biológico a  orla oceânica abriga uma fauna numerosa, pois um plâncton abundante serve de alimentação a grande variedade de peixes e animais marinhos, baleias, focas, otárias e elefantes do mar que assim formam grandes colónias no litoral, durante o Verão.
É típico deste zooplâncton um crustáceo parecido com a gamba, conhecido por Krill.
A fauna é ainda caracterizada por numerosas aves, dentre elas os pinguins, aves marinhas de que existem autênticos viveiros.
O maior animal terrestre é uma mosca sem asas, que habita a costa oeste da península Antárctica.
Recursos naturais, actualmente não explorados, são jazigos de petróleo e cerca de 200 outros minérios valiosos como o ferro, ouro, níquel, platina, cromo, cobre, molibdeno e zinco. Ainda foi encontrado carvão e hidrocarbonetos mas em pequenas quantidades.

A única actividade económica presente são os serviços meteorológicos, as estações de pesquisa, a pesca de várias espécies de peixe, caranguejos e Krill, além do turismo feito em pequena escala.
Antigamente subsistia-se com a caça à foca e à baleia.

O Turismo foi iniciado em pequena escala, com incursões às ilhas da península Antárctica e à estação McMurdo, na ilha de Ross.
O seu custo elevado e a falta de acomodações adequadas para turistas em bases científicas impedem a expansão desta indústria, que bem aproveitada, numa região que sempre foi sinónimo de aventura e coragem, fascina pela sua beleza física e pelos actos de coragem revelados na descoberta da sua superfície, e atrai cada vez mais gente. A Aurora boreal, os clarões que surgem no firmamento nocturno são dos fenómenos mais belos registados pelo Homem, e atraem muitos visitantes. (Figura 10)


É possível que a Antárctida tenha um futuro económico viável, mas não em moldes normais.
Cabe à investigação científica manter-se como indústria principal e os conhecimentos neste sentido representam a exportação mais importante.


População
População nativa não tem, possui estações de pesquisa com pessoal especializado em números diferentes consoante é Verão ou Inverno.
No Verão a população total é de cerca  de 4.115 e no Inverno, devido às condições extremas de habitação e intempéries são 1.046.
Essas pessoas vêm da Argentina, Austrália, Bélgica, Brasil, Chile, China, Equador, Finlândia, França, Alemanha, Índia, Itália, Japão, Coreia do sul, Holanda, Nova Zelândia, Noruega, Peru, Polónia, África do sul, Espanha, Suécia, Reino Unido, Uruguai, ex-URSS.
A desintegração da URSS põe o futuro que lá existe em causa, que podem ter de fechar devido a dificuldades económicas. Infelizmente não o posso precisar devido a falta de dados recentes.
Aparecem também periodicamente observadores do Greenpeace.

Nos últimos anos o transporte antárctico sofreu grandes transformações, graças a avanços de tecnologia, aviões equipados com skis e adaptados ao transporte do carburante e de todo o equipamento necessário ao estabelecimento de uma estação científica completa.
Os cientistas podem deslocar-se por via aérea ao continente para trabalharem durante o Verão, que é breve, e regressarem sem terem necessidade de lá passarem o Inverno.
Uma vez instalados numa base, os helicópteros proporcionam-lhes a exploração dos lugares mais inacessíveis.
Não existem estradas, mas uma vasta gama de veículos equipados com lagartas capazes de arrastarem trenós e caravanas.
 
O Homem para sobreviver tem de adaptar-se, é auxiliado por fatos especiais contra o frio. Devidamente equipado, pode viver confortavelmente no Antárctico, mas nessa região, o mínimo descuido pode ser mortal, a contínua vigilância é indispensável.





Grande laboratório
           
A Antárctida constitui um laboratório natural único.
A Antárctida é um enorme continente, cobre 14 milhões de km2 ou 10% da superfície da Terra.
A sua influência ainda é maior - estende-se para além do Equador - sob a forma de correntes de ar quente, correntes de água e imigrações de pássaros e mamíferos marinhos.
Com o cumprimento de cerca de 2300 metros, a Antárctida é o maior e mais severo de todos os continentes. Sendo também o mais frio - a temperatura anual no polo sul ronda os  - 49° C.
No Inverno a formação de gelo fica mais do dobro do tamanho da Antárctica. Esta mudança sazonal tem grande influência na atmosfera e na temperatura da água, assim como influências nos padrões climáticos.
A Antárctica desempenha um papel vital no funcionamento do ecosistema global.
Não é muito surpreendente constatar que a Antárctida  é um importante centro de pesquisa para a Ciência, na sua busca do conhecimento acerca do mundo físico e natural.

O Ano Internacional  da Geofísica (International Geophisycal Year-IGY) possibilitou a coordenação entre diferentes países em 1957/58, o que deu origem à compreensão da importância da Antárctida em termos de pesquisa.
Como a Antárctida é importante para cientistas de diferentes países estes chegam a trabalhar juntos e a trocar informações.
A colaboração científica é um dos princípios acordados no Tratado da Antárctica e funciona para 26 programas de pesquisa nacional guiados pelo comité científico de pesquisa na Antárctida (Scientific Committee on Antarctic Research-SCAR).

A atmosfera da Antárctida providencia oportunidades únicas para o estudo de processos que são  cruciais para perspectivas globais e nacionais.
Muitos desses projectos necessitam de muita dedicação, tempo, e envolvem várias áreas científicas. O estudo do mar, por exemplo, envolve trabalho de física e mecânica, transmissão de ondas electromagnéticas, e a observação dos padrões formados e decifrá-los  através das imagens por satélite.
Há muito a descobrir, especialmente do ponto de vista geológico, podendo dizer-se que muitos mistérios se encontram lá encerrados mesmo sobre a evolução tectónica da crusta terrestre. Isto porque os oceanos gelados são opacos a todos os tipos de ondas electromagnéticas que normalmente são usadas para cartografar as estruturas dos fundos oceânicos. Agora recorrendo às imagens de radar obtidas pelo satélite ERS-1 da Agência Espacial Europeia, os cientistas começaram a desvendar alguns desses mistérios. Já são capazes de perceber como ocorreu a separação entre a Antárctida e a Nova Zelândia, que pode traçar-se desde há 180 milhões de anos, quando estas enormes massas de terra deixaram de fazer parte do continente único primordial. Para explicar essa separação admitia-se a existência de uma placa tectónica hoje desaparecida, o que esses estudos agora confirmam.  (Ver figuras 11, 12, 13, 14 e 15)









Problemas

O mais falado desses problemas é o buraco do Ozono e o aquecimento global, todos os cientistas constituem uma parte importante para o estudo e conhecimento desses processos.

Buraco do Ozono
A camada de ozono protege a vida na Terra da força total dos raios do Sol (dos ultravioletas), principal razão para o cancro da pele e para a necessidade crescente do uso de óculos de sol.
Os clorofluorcarbonatos, vulgo CFC, essenciais na indústria do frio, são dos grandes responsáveis pela diminuição da camada de ozono, devido à destruição das moléculas do ozono.
No começo da década de setenta, cientistas que trabalham na Antárctida detectaram essa perda de Ozono na atmosfera, por cima desse continente. A zona chamada de ‘buraco de Ozono’ desenvolve-se na primavera da Antárctida e continua por diversos meses antes de começar a reconstruir as suas perdas. Outros estudos, feitos com balões de altitude e satélites meteorológicos, indicaram que a percentagem de Ozono estava em declínio.
Voos sobre o Árctico confirmam o problema semelhante. (Figura16)


Os cientistas descobriram em 1970, que certos químicos chamados de clorofluorcabonatos, ou CFCs - usados como refrigeradores e nos sprays poderiam ser causadores do adelgaçar da camada de ozono, que nos nossos dias cobre a Antárctida toda.
Em 1985, as Nações Unidas organizaram a Convenção conhecida por ‘Protocolo de Montreal’, assinada por 49 países,
afirmando as intenções de acabarem com o uso de CFCs até ao fim do século.
O alerta surtiu efeito para algumas nações de forma mais importante que para outras os EUA decidiram que para começarem a agir precisavam de mais factos, houve outros que não precisaram de tanto incentivo para começarem a agir a Grã-Bretanha encetou medidas para estabilizar os níveis actuais de dióxido de carbono, o gás que contribui mais para o efeito de estufa, a Alemanha visou o mesmo, mas a liderança neste combate é a do Japão.

O ar no Japão nos finais dos anos 60 era irrespirável, uma década depois mudou graças á sua luta e eficiência, actualmente deu-se o agravamento do problema devido ao crescimento industrial.
Em 1987, o Tratado da Protecção do Buraco do Ozono foi assinado e ratificado por 36 nações.   
Em 1990 foi proposto pela Comunidade Europeia (agora União Europeia), que o uso de CFCs seja completamente banido pelos países, e o presidente dos Estados Unidos George Bush aceitou.
Para monitorizar o desenvolvimento do ‘Buraco de Ozono’ a NASA, em 1991 lançou o ‘7-ton’ que é um satélite de pesquisa atmosférica. Orbitando à volta da Terra a uma altitude de 600km, mede as variações da camada de Ozono a diferentes altitudes, providenciando um quadro geral da química da atmosfera.
A pesquisa de sistemas de compressão e de novos produtos refrigeradores, sem efeitos nocivos ainda não foi encontrada. O que sucede nos nossos dias é uma redução do efeito nocivo.


Aquecimento Global

Esta anormal concentração de calor poderá alterar o padrão do clima no nosso planeta e toda a nossa forma de vida.
O efeito de estufa é o paradigma das consequências para o nosso planeta da acção de numerosos factores poluentes. Alterações climáticas, grande poluição, morte das florestas tudo isto resulta em prejuízo para os seres humanos.
Entre os principais factores de poluição encontram-se o anidrino sulfuroso e partículas em suspensão, provenientes da actividade industrial, o chumbo (contido na gasolina), os óxidos de azoto, resultantes do tratamento a altas temperaturas de combustíveis fósseis, e os monóxidos de carbono, causados pela combustão incompleta dos carburantes. Ironicamente serão estes últimos vulgo CFCs que também irão dar azo à destruição da camada de ozono, tornando-se toda a situação num ciclo vicioso.
A actividade económica desenvolvida e a energia usada no mundo têm incidência no clima e no aumento do dióxido de carbono na atmosfera.
É necessário tornarmo-nos conscientes que os Invernos rigorosos e os Verões escaldantes com as suas consequências - inundações e grandes secas nas várias regiões do globo - são variações climatéricas originadas em parte pela nossa actividade.
As condições meteorológicas são afectadas pelas desigualdades de calor que a Terra recebe do Sol e a que irradia para o espaço, calor esse que é absorvido pela própria atmosfera. Através destes dois processos, o planeta mantêm-se num estado de equilíbrio térmico, exactamente compensado, sem aquecer ou arrefecer demasiado.
O uso da energia a nível mundial, que continua a desenvolver-se, traduz-se nos nossos dias no problema sério do excesso de dióxido de carbono na atmosfera, na existência de outros poluentes e de outras razões, tais como o uso descontrolado de fluorcarbonos, grandes queimadas, à destruição das grandes florestas tropicais a somarem-se ao fenómeno natural das erupções dos vulcões em actividade.
O efeito de estufa só recentemente se tornou notícia, como um efeito secundário único das actividades do Homem que tem contribuído para a concentração do dióxido de carbono na atmosfera que respiramos. A combustão química dos combustíveis fósseis, nomeadamente o carvão, petróleo e o gás natural lançam para a atmosfera o dióxido de carbono, o que implica simultaneamente uma substancial remoção de oxigénio. Este gás concentra-se à volta da Terra como uma camada isolante, retendo o calor que naturalmente seria enviado para o Espaço, provocando deste modo um maior aquecimento à superfície do planeta e alterando o seu ecossistema.
Peritos afirmam que esta anormal concentração de calor global, conhecida por efeito de estufa, pode trazer graves consequências e alterar o padrão climático da Terra.
Esta alteração poderia ser benéfica unicamente para a produtividade dos solos nas zonas do terceiro mundo, mas infelizmente, o seguro de uma grande parte da humanidade contra a fome depende ainda hoje dos excedentes da América do Norte e do Canadá, e se as suas condições climáticas mudarem, milhares de pessoas poderão morrer de fome.
Se um dia as condições climatéricas se viessem a alterar drasticamente, além do problema da alimentação das populações, outros de grandes dimensões se levantariam.
Um deles seria, com o aquecimento da troposfera, a ameaça das inundações costeiras originadas pelo descongelamento das coberturas polares (nomeadamente a antárctica) e a expansão da água dos próprios oceanos. Para que esta visão não se concretize é necessário estudar o problema e arranjar soluções viáveis, além de começarmos a tratar o nosso planeta com mais respeito.
























Futuro

Grande questão - A exploração no futuro será só científica?

Problemas ecológicos - agravamento
No futuro o agravamento dos problemas ecológicos será uma realidade.

Necessidade de recursos
A necessidade de recursos como o petróleo e minerais vai sentir-se  mais fortemente num futuro próximo, especialmente quando as fontes existentes secarem. Se o único local que ainda os tiver for a Antárctida, acham que escapará à voracidade humana, ainda que seja um sítio de pesquisa que trabalha em prol de um bem maior?

Será que a mineração na Antárctida é útil?
Muitos cientistas afirmam que a mineração na Antárctida não é viável na medida que é muito cara e os recursos são poucos. A verdade é que falta ainda muita pesquisa e quanto às dificuldades de mineração a tecnologia do futuro encontrará resposta para as mesmas.  
A mineração está proibida por 50 anos.
Numa perspectiva realista, um cientista afirma que a mineração é possível na Antárctida, pois uma vez que o continente se encontrou nos primórdios agregado ao continente Godwana, o seu potencial mineral é igual às descobertas nas outras partes do globo, mas se atentarmos aos seus continentes vizinhos estes provam ser pouco produtivos.
Há factores que apontam certas dificuldades, ao verificar-se que o continente é coberto de gelo, o que torna a exploração difícil, assim como a maturação necessária para a formação de minerais.

Minerais como o cobre, que foi descoberto em duas regiões distintas, quando avaliado chegou-se à conclusão que se encontrava muito longe para ser viável a sua exploração, sem infra-estruturas (mercados, estradas, portos ou população) e que não terá valor comercial significativo no futuro.
O ferro seria usado mas também se encontra muito longe do mercado.
O cromo é em grande quantidade mas não é um mineral explorado em lado nenhum.
O magnésio é um recurso renovável, na medida que é possível a sua reutilização, se a reciclagem do mesmo começar a ser feita, o que seria muito proveitoso para o mundo.
Hidrocarbonetos, como o petróleo e o gás natural, necessitam de uma maturação orgânica; achou-se petróleo em pequenas quantidades, sendo possível descobrir-se mais, mas só a pesquisa o dirá.
Actualmente o incentivo a essa pesquisa mineira é muito pequeno, pelo menos o que é revelado ao público, pois a sua extracção é demasiado dispendiosa.
No futuro, devido às dificuldades energéticas é possível que o Homem se volte cada vez mais para o aproveitamento da luz solar e até da energia eólica, ou até da nuclear (embora pessoalmente considere esta última menos atractiva e perigosa).
Estas opções a nível energético além de serem mais viáveis, devem demonstrar que a mineração na Antárctida não é necessária além de pouco proveitosa.

Falta de água
É na minha opinião o grande problema no futuro.
Ao observar um relatório da Acção Internacional sobre População (PAI), em que os peritos das Nações Unidas advertem que nos próximos trinta anos, por volta do ano 2025, diversas nações que poderão entrar em guerra pelo controlo de um dos recursos mais desperdiçados do mundo - a água.
Não são apenas Portugal e Espanha que por pacíficas vias diplomáticas, se confrontam quanto à utilização dos recursos hídricos .
Noutros pontos do globo a situação é ainda mais preocupante.
Actualmente 40% da população mundial vive junto de cursos de água pertencentes a mais do que um país.
Na África, Sudoeste Asiático, Índia, América Latina e também na Europa. Com a escassez dos recursos hídricos prevista para o século XXI, são no total 20 focos de tensão em todo o mundo.
Até ao ano 2025 dois terços da população mundial estará em  situação difícil no que diz respeito ao abastecimento de água.
A sua escassez será mais um entrave ao crescimento económico a países em vias de desenvolvimento.
Nos países pobres em recursos de água, uma vez que a neve e a chuva são irrisórias nesta zona, os recursos renováveis de água são finitos, e a situação torna-se mais preocupante.
Mesmo os EUA, ao utilizarem de forma descontrolada lençóis friáticos acumulados durante milhares de anos, no subsolo. Esta água, uma vez usada, não poderá ser substituída.
Ao longo do século XX, o consumo de água aumentou seis vezes, continuando a crescer ao ritmo de 2,5% ao ano.
Actualmente mesmo as novas fontes de água, como os icebergues e a dessalinização são muito dispendiosas para oferecer reservas suplementares.
Apesar destes relatórios pessimistas, há especialistas que afirmam que o problema está a ser empolado. Robert Ambroggi, perito em recursos hídricos, afirma que ‘a quantidade de água potável na Terra excede todas as necessidades concebíveis da população humana’ e acrescenta que os conflitos resumem-se à ‘utilização ineficiente e de modo insustentável’ dos recursos hídricos.
Os especialistas referem os pontos de conflito mas não tocam na resolução dos mesmos.
Na minha opinião a questão da água é das mais problemáticas, pois o Homem não vive sem água.
A Antárctida é constituída  98% por gelo e  só 2% de rocha barrenta. Constitui 90% de todo o gelo da terra e 70% de toda a água potável do planeta.
Com conflitos emergentes sobre a água, até quando a Antárctida vai permanecer intocada?
O que hoje pode ser considerado dispendioso, amanhã pode ser considerado como gasto essencial, para o bem estar de uma população sequiosa.
Os interesses dos países serão relegados para segundo plano durante quanto tempo, quando a necessidade surgir.
Os interesses mundiais, para darem solução às necessidades crescentes de uma população em desenvolvimento, com exigências acrescidas, tomarão em consideração os males vindouros?




Conclusão

Ficou muito para dizer, as questões multiplicam-se.
A maior conclusão dos nossos dias é que o ecosistema mundial é delicado e encontra-se interligado.
Falta ainda conhecer muita coisa sobre este continente, mas a importância da Antárctida encontra-se ligada à própria sobrevivência do Homem, foi onde se começou a determinar a maneira como se está a tratar o planeta.
Levou à observação do adelgaçar da camada de ozono que protege a vida na Terra, cuja falta conduzirá  à morte de toda a vida na mesma.
Todos os factores ecológicos encontram-se interligados, pois o mal feito numa parte do globo irá ter repercussões no mundo inteiro.
O bem estar mundial no futuro depende das acções tomadas no presente e na correcção dos males do passado.
Se esta geração e as posteriores têm forças e capacidade para isso logo se verá, ou a humanidade acabará como as milhares de espécies que eliminou da face da Terra.
A consciencialização  tem de ser feita, da necessidade de trabalhar para o bem comum e preservar a Terra dos males que a assolam. Trabalhar de forma a que nos anos vindouros se evite a destruição do Homem, como outras espécies foram anteriormente por ele eliminadas.


1999-05-12 ARTIGO Antárctida

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