DEIXEM-ME SER ASSIM
Deixem-me ser valado entre trigal
Cigarra de asas loucas pelo monte
Ribeiro de Vastíssimo caudal
Ou musgo adormecido ao pé da fonte.
Cantiga que ecoa pelo Vale
Sol morno a mergulhar no horizonte
Pintura de Miró ou de Bual
Ou lenda do passado que a avó conte.
Deixem-me ser nenúfar por abrir
Olor de rosa e nardos a florir
Criança com sapatos de mulher
E flauta de pastor ao Sol poente
E grito de luar Sereno e quente
Deixem-me ser aquilo que eu quiser!
(Zabul Moita)
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